A
história, a capa, os mais diversos formatos, as ilustrações, as cores (ahh as
cores!)... não sei definir o que é , mas sempre fui apaixonada por livros infanto-juvenis.
Não lembro de, na minha infância, me ver representada nas inúmeras histórias que
li, mas, hoje, adulta e ainda encantada com a literatura infanto-juvenil, busco
essa representatividade, e as autoras negras são as que melhor me representam.
Aliás, quantas autoras negras de literatura
infantil você conhece? Eu conheço algumas, estou em busca de outras e será um prazer compartilhar com vocês minhas descobertas. Vem comigo!
Escolhi começar pelo livro Palmas e vaias, de Sonia Rosa, por vários motivos, mas, principalmente, porque eu era muito parecida com Florípedes -- a heroína da história --, e se eu, na idade dela, tivesse tido acesso a livros como esse, teria sido muito mais fácil entender esse mundão e perceber que não há nada de errado com a minha cor e meu cabelo.
Florípedes é uma menina que, aos 11 anos, passa por muitas mudanças. Muda o corpo. As tranças são cortadas. De uma casa, ela se muda para um apartamento. E, em meio a tudo isso, tem também a mudança de escola. Mas Flor encara tudo isso muito bem e até animada.
Casa nova, novos amigos e uma festa junina que, na nova escola, é comemorada junto com a festa da primavera. Sua mãe prepara para ela um lindo vestido caipira. A menina, então, se empenha e se consagra campeã de vendas de votos e é premiada por isso.
Princesas e Rainhas, todas recebem seus prêmios e, enfim, é chegada a hora de Flor. Mas, quando sobe ao palco... Ela percebe que não é igual àquelas pessoas. Pois, ela vinha de um lugar em que tradições, como festa junina, eram mantidas de forma diferente e, com isso, (do meu ponto de vista) ela nota que não pertence ao padrão daquele lugar.
Mas isso a deixou abalada? Acredito que, assim como acontece com algumas meninas, na escola ou na vida, Flor não se deixou abater e sua história escrita e ilustrada em um livro lindo está aí para mostrar a outras meninas que vaias existem e sempre vão existir, mas as palmas poderão um dia abafá-las.
Arte-educadora, técnica em biblioteconomia e integrante do coletivo Mulheres Negras na Biblioteca.
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