Foto: MNB |
A Cidinha nos concedeu uma entrevista sobre a sua mais nova publicação. Então, você pode conhecer um pouco mais sobre O homem azul do deserto, a partir de agora:
LR: Cidinha, os seus livros, para mim, são muito importantes por tratarem sobre ancestralidade (Os nove pentes d'África), resgate das culturas africanas e representatividade para as crianças pretas (como em O mar de Manu), além de trazer à tona críticas a temas necessários, como faz em #ParemDeDosMatar e, agora, em O Homem Azul do Deserto. Como se deu o processo de escrita dos textos contidos em seu novo livro?
Cidinha da Silva: Tenho adotado a prática de publicar, em papel, textos já divulgados na internet. Faço isso por dois motivos básicos. O primeiro é que a internet é “terra de ninguém” e a gente perde a autoria muito facilmente. Pessoas copiam o que a gente escreve ou fazem maquiagens toscas no texto e se utilizam dele de formas inescrupulosas. A publicação em papel preserva mais a autoria e é mais fácil de comparar o original com uma cópia mal feita. O segundo motivo é que a publicação em papel me oferece a possibilidade de rever textos publicados no calor do momento, o que muitas vezes compromete sua atemporalidade. O suporte livro em papel me permite tirar arestas, gorduras, reescrever parágrafos, torna-los mais inteligíveis, refinar a poética. Segui essa trilha para compor O homem azul, mas, essencialmente, eu busquei recuperar o caminho de prosa poética realizado com êxito em Baú de miudezas, sol e chuva (2014). Escolhi textos que fluíssem como água, por mais duro que o tema pudesse ser, foi assim com as questões de política nacional, por exemplo. Um toque de
humor, de ironia cutuca os temas mais ásperos e quer despertar em quem lê possibilidades maiores e mais profundas de leitura do que o noticiário corrente tem nos apresentado. Afora isso, há os temas leves, frugais, alegres, divertidos, o amor, a solidariedade. Temas primeiros que intentam fugir dessa gramática limitada de afetos e intenções que nos aprisiona hoje, principalmente na comunicação e na vida militante de internet.
LR: Quem acompanha o seu blog e sua página no Facebook pôde perceber as postagens sobre o lançamento de #OHomemAzuldoDeserto, que será publicado pela Editora Malê. Você pode nos falar um pouco sobre a campanha de divulgação que vocês estão empregando?
LR: Como as pessoas estão recebendo esse estilo de divulgação? Há uma maior interação? Se sim, o que está aprendendo com essa troca?
Cidinha da Silva: Recebo muito carinho das pessoas, muita torcida positiva. Espero que a campanha desperte o interesse pela leitura do livro, que o interesse resulte em aquisição do livro. É preciso comprar os livros da gente para apoiar nosso tr abalho, de toda a cadeia produtiva envolvida, a autora, a editora, as livreiras e livreiros. O livro precisa ser adquirido para que a gente tenha condição de trabalhar mais e melhor.
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Cidinha da Silva: Não sei, difícil dizer porque cada leitora e leitor se debruça sobre o livro com sua história, seu repertório, não é? Isso é o que enseja o diálogo maior com a obra e a autora. Posso mencionar como autora, alguns dos textos que gosto mais e vou dizer o porquê. São textos que me tocam muito, mas, necessariamente, não tocarão a odo mundo que os ler. Escolherei alguns entre os 52:
1 - Gosto muito do texto que abre o livro, A janela e o passarinho, porque mantenho ali um diálogo com os cronistas lidos na infância, Drummond, especialmente.
2 - O homem azul do deserto, crônica que dá título ao livro, me pega pelo coração, porque passeia pela diáspora negra e por vários de seus sotaques e essa tem sido uma marca da minha obra.
3 – Boleros é um texto curtinho que diz um mundo de coisas. Gosto muito quando consigo escrever assim, poucas palavras que abrem veredas interpretativas.
4 – Você não vale nada, mas eu gosto de você é bem divertido, uma vingança.
5 – Na terrinha é um dos meus textos que persegue (por dentro) o entendimento dessa coisa que chamam de mineiridade.
6 – Vozes da bibliodiversidade na FLIP e no mundo das festividades literárias é um texto que trata de um tema muito caro a mim, nossa circulação pelo mercado editorial.
7 – Cronista analógica de um tempo digital é um texto bem biográfico (aviso para quem vive procurando a vida da autora na literatura que ela escreve).
8 – O ano em que nos proibiram o sonho e a alegria é um retrato de 2015 e da gestação do golpe parlamentar, midiático e jurídico que nos atingiria em 2016.
9 – Foi bonita a festa é mais um texto sobre Sueli Carneiro, escrito depois da noite em que ela recebeu uma premiação importante.
10 – Atotô é um dos textos do livro que tratam do direito à cidade na perspectiva das africanidades.
De verdade, como leitora, recomendo o livro. Está bem legal. ◾
Os primeiros lançamentos de O homem azul do deserto estão acontecendo durante o mês de julho. Abaixo, estão algumas datas para que você possa se programar para marcar presença:
Os primeiros lançamentos de O homem azul do deserto estão acontecendo durante o mês de julho. Abaixo, estão algumas datas para que você possa se programar para marcar presença:
10/07/18 – Sarau da Cooperifa - São Paulo (início da turnê nacional)
13/07/18 – FIT – Festival de Teatro de São José do Rio Preto, SP
17/07/18 - São Paulo - SP (Ação Educativa)
17/07/18 - São Paulo - SP (Ação Educativa)
24/07/18 – Recife - PE (SESC)
25/07/18 – Festival de Inverno de Garanhuns, PE
27/07/18 – Arcoverde, PE (SESC)
28/07/18 – Pernambuco, PE (SESC)
Você também pode comprar O homem azul do deserto através do site da Editora Malê: https://www.editoramale.com/, e entrando em contato com a própria autora:
Blog: https://www. http://cidinhadasilva.blogspot.com
Facebook: https://www.facebook.com/cidinhadasilvaescritora/
Por Lorena Ribeiro
Graduada em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), mestra em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutoranda na mesma instituição. É criadora de conteúdo no Youtube e Instagram, junto com seu companheiro Rafael, no projeto Passos entre Linhas. No canal, o casal bate papos sobre livros, filmes e lugares que gostariam de compartilhar com o público. Pesquisadora na área da Linguística, Lorena segue, com Passos entre Linhas, mantendo acesa sua paixão pela Literatura.
Por Lorena Ribeiro
Graduada em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), mestra em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutoranda na mesma instituição. É criadora de conteúdo no Youtube e Instagram, junto com seu companheiro Rafael, no projeto Passos entre Linhas. No canal, o casal bate papos sobre livros, filmes e lugares que gostariam de compartilhar com o público. Pesquisadora na área da Linguística, Lorena segue, com Passos entre Linhas, mantendo acesa sua paixão pela Literatura.